A Polícia Federal (PF) foi as ruas cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão
relacionados à Operação Carne Fraca, deflagrada na manhã desta sexta-feira
(17). Os policiais federais prenderam
executivos de grandes grupos frigoríficos, como o gerente de Relações
Institucionais e Governamentais da BRF Brasil, Roney Nogueira dos Santos; o
diretor da BRF André Luis Baldissera; e o funcionário da Seara, empresa da JBS,
Flávio Evers Cassou.
A operação apura o envolvimento de fiscais do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento em um esquema de liberação de licenças e
fiscalização irregular de frigoríficos.
Em dois anos de investigação, detectou-se que funcionários
de superintendências regionais de Paraná, Minas Gerais e Goiás recebiam propina
para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados
sanitários sem qualquer fiscalização efetiva. Alguns dos funcionários foram
detidos na operação.
Gravações telefônicas obtidas pela PF apontam que vários
frigoríficos do país vendiam carne com data de validade vencida tanto no
mercado interno, quanto para exportação. Entre produtos químicos e carne fora
da validade, há casos ainda mais "curiosos", como a inserção de
papelão em lotes de frango e carne de cabeça de porco em linguiça.
Ainda conforme a polícia, os frigoríficos investigados
usavam produtos químicos para "maquiar" carne vencida. As empresas
também injetavam água para aumentar o peso dos produtos e, em alguns casos, foi
constatada ainda falta de proteína na carne.
“Eles usavam ácidos e
outros produtos químicos para poder maquiar o aspecto físico do alimento. Usam
determinados produtos cancerígenos em alguns casos para poder maquiar as
características físicas do produto estragado, o cheiro", disse Moscardi delegado da Polícia Federal responsável pela operação.
No caso da falta de proteína, o delegado explicou que havia
substituição. "Foi trocada por fécula de mandioca ou proteína da soja, que
é muito mais barata, mais fácil de substituir."
O delegado afirmou que nem mesmo os fiscais envolvidos, que
costumavam ganhar carnes dos proprietários como benefício, estavam aguentando a
má qualidade dos produtos. "Eles comentavam entre si que não estava mais
dando para receber", disse.
Foram investigadas grandes empresas do setor, como a BRF
Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi,
Seara, Swift, entre outras marcas. Também há envolvimento, segundo a PF, de
frigoríficos menores, como Mastercarnes, Souza Ramos e Peccin, do Paraná, e
Larissa, que tem unidades no Paraná e em São Paulo. O G1 tenta contato com as
empresas citadas.
Veja as empresas que são alvo de busca e apreensão na
operação Carne Fraca:
- Big Frango Indústria e Com. de Alimentos Ltda.
- BRF - Brasil Foods S.A.
- Dagranja Agroindustrial Ltda./Dagranja S/A Agroindustrial
- E.H. Constantino
- Frango a Gosto
- Frigobeto Frigoríficos e Comércio de Alimentos Ltda.
- Frigomax - Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda.
- Frigorífico 3D
-Frigorífico Argus Ltda.
- Frigorífico Larissa Ltda.
- Frigorífico Oregon S.A.
- Frigorífico Rainha da Paz
- Frigorífico Souza Ramos Ltda.
- JBS S/A
- Mastercarnes
- Novilho Nobre Indústria e Comércio de Carnes Ltda.
- Peccin Agroindustrial Ltda./Italli Alimentos
- Primor Beef - JJZ Alimentos S.A.
- Seara Alimentos Ltda.
- Unifrangos Agroindustrial S.A./Companhia Internacional de
Logística
- Breyer e Cia Ltda.
Segundo a PF, a Carne Fraca é a maior operação já realizada
pela corporação. São 1,1 mil policiais cumprindo 309 mandados – 27 de prisão
preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e
apreensão.
Fonte: G1
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