Nos últimos dias, várias foram as imagens compartilhadas nas redes sociais que mostram, através de um filtro de envelhecimento, qual será a aparência dos usuários quando forem mais velhos. Através da inteligência artificial, este aplicativo – atualmente em primeiro lugar nas listas de appsgratuitos mais baixados da Google Play e App Store – disponibiliza ainda aos usuários várias outras funcionalidades para transformarem o seu rosto.
O aplicativo e empresas parceiras têm vindo a reunir assim um conjunto de informação sobre os usuários, com a sua autorização, nomeadamente no que diz respeito ao histórico de navegação do browser.
Na política de privacidade, os criadores do aplicativo especificam que os usuários, ao fazerem download da aplicação, estão concordando em fornecer “diretamente” fotografias e outros materiais que publicam através daquele serviço, assim como o histórico de navegação. “Usamos ferramentas de análise de terceiros para nos ajudar a medir o tráfego e as tendências de uso do serviço. Estas ferramentas reúnem informação enviada pelo seu dispositivo ou pelo nosso serviço, incluindo as páginas web que visita, add-ons, e outra informações que nos ajudem a melhorar o serviço. Reunimos e usamos estas informações analíticas juntamente com informações analíticas de outros usuários, para que não possa ser usada para identificar qualquer usuário individual em particular”, lê-se na política de privacidade.
Os criadores da aplicação sublinham ainda que poderão ser usados cookies e “tecnologias semelhantes” para recolher informação sobre a forma como os indivíduos utilizam a FaceApp e de maneira a fornecerem ao usuário outras funcionalidades, assim como anúncios publicitários direcionados.
As informações de arquivo de registo (log file information) são também enviadas automaticamente pelo browser. “Quando utiliza o nosso serviço, os nossos servidores registam automaticamente determinadas informações do arquivo de registo, incluindo o seu pedido da Web, endereço IP, tipo de navegador, páginas de referência/saída e URL, número de cliques e a forma como interage com os links no serviço, nomes de domínio, páginas de entrada, páginas visualizadas e outras informações. Também podemos reunir informações semelhantes de emails enviados para os nossos usuários, que depois nos ajudam a monitorizar quais emails são abertos e em que links os destinatários clicam”, detalha a política de privacidade.
Os responsáveis pela aplicação admitem ainda a recolha de “identificadores de dispositivos”, pequenas estruturas de dados que, como o nome indica, permitem identificar o dispositivo nos casos em que os indivíduos utilizam o app através de aparelhos móveis como celulares ou tablets.
A FaceApp esclarece também que “não recolhe intencionalmente” informação de menores de 13 anos — se o fizer, mesmo “sem intenção”, é obrigada a eliminar essa informação da base de dados.
Na política de privacidade, é esclarecido também que a empresa usa a informação que recebe para “melhorar e testar a eficácia do serviço, desenvolver e testar novos produtos e recursos, monitorizar métricas como o número total de visitantes, tráfico e padrões demográficos, diagnosticar ou corrigir problemas tecnológicos, e para atualizar automaticamente a web”.
A informação que a FaceApp recolhe pode ainda ser partilhada com os seus parceiros, como empresas de publicidade, empresas afiliadas, ou com organismos terceiros que ajudem no desenvolvimento do serviço da aplicação. Por sua vez, estas informações podem ser armazenadas e processadas nos Estados Unidos ou em qualquer outro país em que a FaceApp, as empresas afiliadas, ou os provedores dos serviços tenham instalações. Estes podem também transferir entre si dados pessoais dos usuários mas também informações do seu país e jurisdição.
O FaceApp diz que pode compartilhar os dados com "empresas irmãs", que legalmente fazem parte do seu mesmo grupo de negócios."Se vendermos ou transferirmos parcialmente ou integralmente o FaceApp e suas propriedades, suas informações, como conteúdo do usuário ou qualquer outra informação coletada por meio do serviço, estarão entre os ítens vendidos ou transferidos", avisa a empresa, em meio àquelas letrinhas miúdas que muita gente "dá OK" sem ler.
"Cerca de 64% dos brasileiros não leem as condições de um app antes de baixá-lo e esquecem de pensar sobre como seus dados podem ser utilizados, ignorando as configurações de privacidade", diz Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky. Ele não encontrou nada anormal no funcionamento do app, mas pediu atenção ao que é coletado.
Segundo o FaceApp, os dados são armazenados em servidores nos EUA, país que ainda não tem uma lei específica de proteção de dados, como a União Europeia ou o Brasil. Além disso, por não ter sede no Brasil, pode ser difícil acionar o FaceApp na Justiça no caso de um vazamento de dados massivo - ou mesmo em qualquer questão jurídica.
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